terça-feira, 23 de junho de 2015

A origem do chama maré



O bar Chama Maré teve seu início em abril de 2006 quando Josélio e Ana Borges (figura 2) acreditaram que a amizade e um belo pôr do sol poderiam transformar um lugar desacreditado em um ponto de encontro para a diversão. Percebendo um potencial que passava despercebido ao olhar de todos, incluindo aí os produtores de festas da cidade, Josélio<joselio.alves.5> arrendou o espaço do antigo Barroso para ser um bar <cnpjbrasil> com atrações culturais

Figura 1- Antigo Barroso


Fonte: acervo pessoal de Josélio Alves.
Nota: espaço arrendado por Josélio.

Ele e sua então companheira Ana Borges, conhecida artista local <anajacira.borgsoliveira>, batizaram o  bar de Chama Maré. Na época conviviam com muitos amigos que, desde o início, apoiaram essa iniciativa única. Estas pessoas são ainda hoje testemunhas deste acontecimento, que envolve dificuldades e alegrias em uma perspectiva de espontaneidade e espírito coletivo. O nascimento desta ideia tem data, a saber: 13 de abril de 2006.

Figura 2-Josélio e Ana Borges


Fonte: acervo pessoal de Josélio Alves.
Nota: foto tirada em 2006.

Sendo forte a ligação do casal com a arte, o local também se tornou um espaço cultural. Dentre os artistas que frequentaram o Chama maré, podemos citar a desenhista Dedê Paiva, responsável pela logomarca do simpático caranguejo.

Figura 3-Logomarca e fichas do Chama Maré


Fonte: acervo pessoal de Josélio.
Nota: produzida pela desenhista Dedê Paiva.


Figura 4-Calendario do Chama Maré
 Fonte:Acervo pessoal de Josélio.

Nota: imagem nunca antes vinculada, produzida pela desenhista Dedê Paiva.




Inicialmente, o bar foi marcado por eventos menos badalados, dentre eles aniversários de amigos, como o de Raquel Noronha<raquel.noronha.12>(figura 5) e de Fayad. Ainda podemos citar a Copa de 2006, sempre em clima de muita amizade, descontração e música boa.

Figura 5-Aniversário de Raquel Noronha


Fonte: acervo pessoal de Josélio
Nota: destaque para Ana borges segurando João, ao lado da aniversariante Raquel Noronha, Vandico e Sibica, ao lado da panela, além de Marivaldo no banco e Zé Rui à esquerda.



Nos tempos em que não se tinha facebook ou whatsapp, os registros eram feitos nos falecidos Orkut, Flogão e  MSN Messenger e, ainda se pode conferir alguns registros <chama maré>.

Para aqueles que não conheceram o espaço na época, o pôr do sol à beira mar, embalado pelo som do Tambor de Crioula (figura 6), dava início a um espetáculo iluminado pela fogueira (Figura 7), com telão entre os coqueiros, mesa de caricatura promovida por desenhistas, tais como Jonilson Bruzaca  e Helio Tatoo (figura 8). A ideia inovadora de misturar Tambor de Crioula e reggae, à beira da praia, caracterizava o início da noite, uma mistura perfeita que associava o ambiente de festa, inclusive com bandas ao vivo e discotecagens com muito roots, à amplitude da paisagem praiana.  Desta forma as pessoas transitavam em climas variados, desde o intimismo da fogueira até a intimidade da dança. Não podemos deixar de citar o caldo de feijão que Josélio distribuía gratuitamente ao final das noitadas, em clima de confraternização. Este tipo de clima não surge de uma relação puramente comercial, ela faz parte do que se pode chamar de “fenômeno Chama Maré”.

Figura 6 - pôr do sol e Tambor de Crioula no "Chama".


Fonte: acervo pessoal de Josélio.
Nota: assim se iniciava a noite no chama maré.

Figura 7-Tambor do Chama Maré



Fonte: acervos pessoal de Josélio.
Nota: depois que a noite entrava, o tambor continuava. Destaque para a animação. Podemos  ver Cesar Nascimento ao Tambor.

Figura 8-Desenhistas e Delicias.



Fonte: acervo pessoal Josélio Alves.
Nota: saudade.




Ao fazer um estudo sobre o reggae em São Luís, nos deparamos com um dissertação intitulada "QUE REGGAE É ESSE QUE JAMAICANIZOU A “ATENAS BRASILEIRA”?", da autora KARLA CRISTINA FERRO FREIRE. Neste trabalho é dito sobre o Chama Maré (p. 136):
[...]O bar é todo decorado com luzes roxas, desenhos fosforescentes de estrelas nas colunas pretas da parte coberta [...]
Veja que essa descrição não corresponde ao chama maré como foi concebido (figura 9). De alguma maneira, o passado do chama maré parece estar sendo reinventado, como pode ser encontrado na pagina 3 do artigo intitulado O REGGAE COMO INSTRUMENTO POLÍTICO NA CULTURA MARANHENSE por Mieko Damasceno Wada, Podemos encontrar  um trecho :
[...] Uma casa de festa especializada no ritmo, a Chama Maré, antes denominada Espaço Cultural África[...]




Figura 9-Chegado e a noite no "Chama".



Fonte: acervo pessoal Josélio.
nota: Ainda destacamos nesta foto, o Cazumbá, o painel pintado por Ana Borges, além de Josy de Jah.



Vejam que o bar não inicia com o nome espaço cultural África e sim Chama Maré (figura 10),  dado por Ana Borges e, obviamente, aprovado por todos.

Figura 10-Primeira fachada do Chama Maré.



Fonte: acervo de Joséio Alves.
Nota: a proposta inicial de 2006 sempre foi que o bar se chamaria Chama Maré.


Mais uma informação incorreta, que anda rolando por ai, é a idade do bar. Usaremos uma matemática simples:


Considerando que a ideia foi concebida no primeiro semestre, o bar possui 9 anos de idade. Um fato curioso é que em 2009, o bar comemorou corretamente seus 3 anos <aniversario2006> porém, em 2012, o bar completou 8 anos? <aniversario2012>. Acho que estão levando a sério demais essa história de túnel do tempo.
A principal motivação deste texto vem do blog do Gilberto Leda <gilbertoleda>. Lá, dona Clea é colocada como idealizadora do chama Maré , o que  é imediatamente e corretamente questionado por Ademar Danilo, que talvez no calor dos fatos escreve em caixa alta: EU CRIEI O CHAMA MARÉ. Isso não é verdade: Ademar entrou no Chama maré a convite de Ana que o conhece desde a juventude e por sugestão de Josélio (Josélio teve a idéia de convidar Ademar). No mesmo blog, Ademar trata de corrigir em parte o que disse, citando Josélio como idealizador do Chama maré . Ainda no mesmo blog, é dito por Ademar: “No início eu era locatário, depois ela me convidou pra, em vez de alugar, sermos sócios” isso não corresponde exatamente ao início. No início, Josélio era o arrendatário, Dona Clea a Proprietária e Ademar DJ e promotor. Você pode comprovar isso lendo a página 405 do documento <radaroficial>, onde Ademar não é mencionado como locatário, e sim Josélio.

Voltando à história do bar, ele teve uma nova estreia que aconteceu  em setembro (por esse motivo o bar tinha duas datas de aniversário). A estreia foi considerada um sucesso e, como previu  Alexandra Abreu <Alexandra Abreu>:



"Quem não foi perdeu..........
A festa que rolou no dia 10/09 foi de arrebentar. Valeu Josélio e te digo com toda sinceridade, meu nego, vai pegar. Um ambiente agradável, gente amiga, de primeira qualidade. Conte comigo, se puder ajudar."




O sucesso do lugar era garantido. Um fato interessante também no “scrap” de Alexandra é que ele é um dos poucos documentos da internet que faz justiça a um dos Legítimos criadores do Chama maré, Josélio. Em apenas mais um tópico da comunidade se encontra novamente seu nome. Um fato que já sabemos é que nem sempre as pessoas que trabalham atrás das cortinas tem o seu mérito reconhecido.

Figura 11-Ademar Danilo e Neto Myller.
Fonte: acervo de Josélio.
Nota:Ademar Danilo e Neto Myller se preparam para esquentar a noite no Chama Maré.

Figura 12-Noitada no Chama maré.
 fonte: acervo pessoal de Josélio.
nota: Ao final da noite ainda tínhamos o caldo de feijão de Josélio.

 No dia 10/09/2006 o Bar já contava com Ademar Danilo (figura 11) no "comando das picapes". À época, Ademar apresentava um programa de TV e sempre fazia a promoção dos eventos do local. A divulgação em mídias tradicionais (TV e Jornais), somada à forte divulgação nas crescentes mídias digitais (Orkut, flogão, kamaleao, Netiar e sites de relacionamento e de notícias) colocaram rapidamente o chama maré no topo, fazendo frente até mesmo ao "super" tradicional bar do Nelson. Além da discotecagem da equipe África Brasil Caribe, o primeiro ano do Bar foi marcado por shows de bandas como:

Banda Legenda,  General Kwait, Sou Soul ( pedido feito por Cris Monteiro Produção & Assessoria e atendido por Josélio na figura de * CHAMA MARÉ * Espaço Cultural), Radiola FM Pérola Negra, Banda Regueira, Xaxados e Perdidos, Três Reis Magros, Tiquira Blues, Casca de Banana, Nego Ka'apor, Celia Sampaio, Costelo, Juba de Leão e outros...

Figura 13-Algumas Bandas


fonte:acervo pessoal de Josélio.
nota: temos a banda Legenda no canto superior esquerdo, e no sentido horário as bandas Xaxados e perdidos, Tiquira blues e Sou Soul.

 Ainda tínhamos as apresentações de Tambor de Crioula e alguns eventos de Blues (nos dias menos movimentados era possível jogar uma sinuca). Por mais que o bar tenha tipo uma ascensão meteórica, ele chegou ao fim pouco mais de um ano depois (o chama maré fechou em 14 de setembro de 2007), dando lugar ao Espaço Cultural África, uma iniciativa de Ademar. Muitos temiam que o bar perdesse as origens, porém apenas o Tambor de Crioula saiu ( felizmente, hoje temos o Centro Cultural Mestre Amaral) de sua programação, o reggae ficou.  Devido a problemas financeiros da época de sua administração, uma dívida restante levou Josélio a permitir que dona Cleia utilizasse o nome Chama aré, o que foi feito em parceria com Ademar, que formatou o bar a seu modo até que o próprio Ademar anunciou mais uma vez o fim do Chama Maré.
  
É próprio de nosso tempo misturar ficção a fatos ocorridos. O que aqui foi apresentado comprova esta tendência, pois refere-se à tessitura de uma trama que envolve elementos do coletivo, fatos reais e dados construídos subjetivamente por algumas pessoas, com o intuito de refazer a realidade ao seu bel prazer e se apropriar de uma idealização que se consumou a partir de construção coletiva. Trata-se da idealização, construção, divulgação e comercialização de uma proposta que todos conhecemos por Bar Chama Maré. A memória é uma construção, mas não uma invenção. E como a verdadeira história do Chama Maré precisa ser lembrada, aqui estamos para apresentar fatos que alguns insistem em ignorar. A verdade tem que ser dita, e sem desmerecer a história de ninguém: A proprietária do espaço é dona Cléia, Ademar Danilo, DJ e promotor, trabalhou duro por anos naquele lugar mas a criação e idealização é de Josélio e Ana Borges.

Agradecimentos: Ana Borges,  Luisa, Fred, Sophia, João Kais, Seu Raimundo, Dona Neusa, Marisa Borges, Eduardo Borges, Ricardo Borges, Irlanda, Zezé, Gleidson, Fernando Cabeleira, Luis(Barrabás), Mumuca, Pedro Rosa(Pedrinho Negativo), Dedê Paiva, Marilda, Flávia Moura, Raquel Noronha, Flávio, Lú, Chiquinho, Anderson(facção), Maguila, Cassiano, Mário Colômbia, Aline, Kátia Dias, Safira, Patricia Medeiros, Marcio Vasconcelos, Ronaldo, Maguelo, Cristian, Ozônio, Beto Piovacari, Beto Ehongue, Chico Nô, Toto Sampaio, Gatinho, Hugo, Caco, Fadinha, Ronilma, Camila Reis, Valquiria Viegas, Rosália, Isis Rost, Karen, Danilo, Gabriel, Fusca, Luise, Rogério, Helio Tatoo, Ari (Alcântara), Graci Roots, Dona Cleia, Ademar Danilo, Neto Myller, Nega Glicia, Rato, Raquel, Regina, Junior Marita, Zé Rui, Marivaldo, Margô, Givago, Jair, Dudu, Cládio Vasconcelos, Gutemberg, Rui, Sibica, Vandico, Michelle, Mônica , Diana, Sandra, Paulo Sosha, Karine, Sami, Tami, Marco Aurélio, Wilker, Rai, Isa, Sotero, Casal do São Francisco de todo Domingo,  Lenny kravitz, Japona, Nho Rafa,  Netão, Dati Bezerra, Henrique, Keila Santana, Cris Santana, Nilton Almeida, Divíno, Eraldo Cardoso, Carlos Lourenço, Chico Maranhão, Aderson, Giselle, Irinaldo, Soraya, Cilde Trindade, Baé, Áurea, Bruno do Box, Herique Murad, Caroline Lucas, Marcelo Brito, Herika, Andreia, Rose Coreira, Thuum, Danira, Dona Cleonice, Saci Teleleu, Beti Costa, Pedro Sobrinho , Carla Coreira, Didã, China, Robson Miguês, Rui Andrade, Marcia Torres, Bruno Gueiros, Dayane Pereira, Luciano Nascimento, Romana Maria, Zé Filho, Philipe Israel, Ana Barroso, Nei Saci Capoeira, Joaquim zion, Gisele Bahia, Nelsinho Brito, Cesar Nascimento, José Varela, Gleik, Ivan Madeira, Netos de Nanã, Aziz Junior Nascimento, Alessando Carvalho, Jorge Luis Santos, Claudio Costa, Garrone, Santa Cruz, Célia Sampaio, Marquinho Odeledenã, Paulinho Akomabu, Kit e muitos Outros.